Artigo sobre Operação da PF contra Contrabando de Armas para Facções Brasileiras
- Jefferson Alionco
- 5 de dez. de 2023
- 2 min de leitura
Na manhã desta terça-feira, a Polícia Federal deflagrou uma operação que visa desmantelar um grupo suspeito de fornecer 43 mil armas para as maiores facções criminosas do Brasil, em uma movimentação financeira que atingiu a expressiva marca de R$ 1,2 bilhão. A ação, que envolveu a cumprimento de mandados em três países - Brasil, Estados Unidos e Paraguai - destaca a magnitude do esquema liderado por Diego Hernan Dirísio, considerado pela PF como o maior contrabandista de armas da América do Sul.

A investigação teve início em 2020, quando pistolas e munições foram apreendidas no interior da Bahia. Apesar de os números de série estarem raspados, a perícia permitiu que a PF obtivesse informações cruciais para o avanço das investigações. A cooperação internacional desencadeou a operação, revelando que Dirísio, proprietário da empresa IAS, sediada no Paraguai, adquiria armamentos de fabricantes europeus, como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.
Entre novembro de 2019 e maio de 2022, a empresa de Dirísio importou um total de 16.669 armas, incluindo pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e munições. Essas armas, depois de adquiridas, eram vendidas a facções brasileiras, com foco especial em São Paulo e Rio de Janeiro. O esquema contava com a participação de doleiros e empresas de fachada, tanto no Paraguai quanto nos Estados Unidos.
O principal alvo da operação, Diego Hernan Dirísio, está atualmente no Paraguai e é considerado foragido. A Justiça da Bahia, responsável pela condução da operação, determinou que os alvos no exterior sejam incluídos na lista vermelha da Interpol, buscando sua extradição para o Brasil.
Além do contrabandista argentino, a investigação internacional identificou suspeitas de envolvimento do general Arturo Javier González Ocampo, ex-Chefe do Estado Maior General da Força Aérea do Paraguai. O esquema também aponta para corrupção e tráfico de influência na Direccion de Material Belico (DIMABEL), órgão paraguaio responsável pelo controle de armas. Diversos militares paraguaios foram implicados, incluindo o ex-diretor da DIMABEL, o encarregado do departamento de Registro Nacional de Armas, e outros oficiais.

O papel fundamental de funcionárias da empresa IAS, Maria Mercedes e Elaine Marengo, foi destacado nas investigações. Elas atuavam como intermediárias entre Dirísio e os núcleos de negociação com criminosos brasileiros, desempenhando um papel crucial na manutenção do sigilo do contrabandista.
As apreensões realizadas na casa de Dirísio, em Assunção, Paraguai, revelaram não apenas armas, mas também evidências de raspagem de identificação, indicando a tentativa de ocultar a origem desses armamentos.
A operação da PF representa um golpe significativo contra o tráfico internacional de armas, demonstrando a necessidade de cooperação entre países para enfrentar organizações criminosas que transcendem fronteiras. O caso evidencia a complexidade do combate ao crime organizado e destaca a importância de esforços conjuntos para garantir a segurança regional e global.
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